Levantamento

UFSM é a única instituição do Brasil que apresentou um aumento na produção científica em 2022

UFSM é a única instituição do Brasil que apresentou um aumento na produção científica em 2022

Foto: Eduardo Ramos (Diário)

A produção científica mundial cresceu 6,1% em 2022 em relação ao ano anterior. No entanto, 23 países, incluindo o Brasil, tiveram queda no número de artigos científicos publicados em 2022. O país estava, desde 1996, quando os dados começaram a ser contabilizados, em um acréscimo de produções. O levantamento realizado pela Agência Bori, em parceria com a Elsevier, analisou 51 países com mais de 10 mil artigos científicos publicados, o documento mostra que o Brasil teve um decréscimo de 7,4% na produção de 2022 em comparação com o ano anterior. Contudo, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) é a única instituição, dentre as 35 analisadas do país, que apresentou um acréscimo na publicação de artigos científicos. 

Dos 51 países analisados, a queda na quantidade de ciência brasileira em 2022 se assemelha à da Ucrânia, país que entrou em guerra naquele ano. Brasil e Ucrânia tiveram a maior perda de produção científica entre os países analisados.

UFSM destoa do cenário nacional 

A base de dados analisadas para as 35 instituições brasileiras - entre elas públicas e privadas - foi a Scopus/Elsevier.O processo contabilizou instituições com mil publicações, e, do total, 29 são entidades públicas que produzem ciência no país. A UFSM, de acordo com as informações do levantamento, em 2021, produziu 1.687 artigos científicos. Em 2022, o número passou para 1.689, um acréscimo de 0,12%. O número destoa do cenário nacional apresentado pelos documentos da Agência Bori. ​

Dados da UFSM pelo levantamento (desde 1996)

ANO
publicações
% Cresc
1996
80

1997
89
11,25
1998
111
24,72
1999
136
22,52
2000
107
-21,32
2001
128
19,63
2002
183
42,97
2003
209
14,21
2004
207
-0,96
2005
277
33,82
2006
495
78,70
2007
587
18,59
2008
669
13,97
2009
746
11,51
2010
780
4,56
2011
950
21,79
2012
1.029
8,32
2013
1.209
17,49
2014
1.222
1,08
2015
1.379
12,85
2016
1.388
0,65
2017
1.574
13,40
2018
1.613
2,48
2019
1.715
6,32
2020
1.727
0,70
2021
1.687
-2,32
2022
1.689
0,12

*Gráfico: Agência Bori/Elsevier

 De acordo com o cenário apresentado na pesquisa da Agência Bori, o corte de verbas na ciência e os impactos da pandemia no ensino resultaram em quedas significativas na produção científica brasileira. A UFSM, apresentou uma diminuição no ano de 2021, assim como outras instituições. Segundo a vice-reitora da UFSM, Martha Adaime, a produção científica da universidade não teve quedas tão impactantes por causa da ação rápida da instituição em adaptar-se no formato online:

– Nós somos a universidade que menos teve queda. São muitos fatores que precisam ser considerados e o levantamento é um retrato da falta de incentivo às pesquisas no Brasil, que enfrentamos nos últimos anos. Profissionais tiveram dificuldades em manter suas produções. Além disso, a posição da UFSM foi continuar em Rede - formato online - o mais rápido possível, mantendo o vínculo com docentes e estudantes – reforça Martha. 

Conforme o cientometrista e cientista de dados da Agência Bori, Estêvão Gambaa UFSM, na última década, apresentou um crescimento de 40% na produção científica. Além disso, no Brasil, a maioria dos artigos publicados, mais de 98%, são de pesquisadores da pós-graduação. Na universidade, são 110 cursos de pós-graduação e 130 de graduação.  


Foto: Nathália Schneider (Diário)

Queda na produção da ciências agrárias

O relatório Elsevier-Bori mostra, ainda, que as Ciências Agrárias — área especialmente importante para o país — teve um decréscimo maior na produção científica do que a média nacional: 13,7% artigos científicos publicados de 2021 para 2022.

Segundo os dados da UFSM, pela Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan), a instituição alcançou mais de 13 mil produções bibliográficas (artigos, trabalhos apresentados em eventos, textos em jornais e revistas, entre outros). Desses, mais de 5 mil são artigos científicos publicadosEm 2022, a universidade contabilizou mais de 9 mil produções e mais de 4 mil artigos. Dentro desses dados, as pesquisas em Ciências Agrárias diminuíram também: Em 2019, foram produzidos mais de 2 mil artigos. Em 2022, fica em 1,6 mil. 

– Muitas pesquisas que dependiam de alimentar animais, monitorar áreas verdes ou plantações, a UFSM conseguiu manter as produções, por meio de pessoas tercerizadas, para as pesquisas não pararem. Os docentes participaram muito do processo também. Claro, não perdemos um número significativo de produções, mas os desafios continuam, manter a qualidade dos artigos científicos (que não foi medido no levantamento), ter cursos mais flexíveis, manter o estudante na graduação e posteriormente na pós-graduação – reflete a vice-reitora.  

Cenários dos próximos anos 

Fonte: Elsevier

A queda na produção de ciência brasileira já é um reflexo dos cortes de verbas nas universidades alguns anos antes da pandemia, afirma o cientista de dados. O próximo levantamento, provavelmente, será sobre a qualidade dos artigos publicados, já que ainda não se tem uma confirmação se o país apresenta queda ou não nesse critério. 

– Acredito que até 2025 vamos estar sofrendo esse reflexo. Precisamos agora nos aprofundar em outras questões: o que deixou de ser feito, por causa dos cortes ou da pandemia? É uma situação bem complicada para o país equiparar-se com a Ucrânia, mas como falei, os reflexos negativos na ciência do Brasil já vêm de anos. Agora, com o aumento das bolsas e recursos também vamos demorar para sentir os efeitos positivos, tem pesquisa que demoram anos para serem feitas – explica Estêvão. 

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